"Em 8 de setembro de 1911, um grupo de rapazes anunciou no jornal mais antigo da cidade, O Pharol, que estava procurando um terreno para fazer um campo de futebol.
O Pharol, 8/9/1911
Assim que conseguiram encontrar um campo - cedido pelo senhor Romão Machado e que ficava na rua 7 de Setembro, no centro da cidade - Bráulio Eugênio Müller, Edgard Schneider, Osvaldo Ramos e João Alves marinho fundaram, em meados de novembro de 1911, exatamente 17 anos após o futebol chegar ao Brasil com Charles Müller, o Itajahyense Foot Ball Club.
O que era visto no Rio de Janeiro, então capital do país, agora poderia ser admirado na cidade de Itajaí: um time de futebol da elite local.
Primeira diretoria
Apesar do grande empenho em fundar um clube que praticava um esporte novo no Estado, as pressões para que esse novo time englobasse outro esporte de elite - o remo - eram grandes. Mas, por prudência ou por destino, o Itajahyense honrou seu nome e continuou na sua luta pelo futebol.
Itajaí, no início da década de 1910, vivia momentos de expectativa e de apreensão. A passagem do cometa Halley deixava grande parte das pessoas temerosas com o fim do mundo. E o medo de que tudo estivesse no fim reascendeu com a grande enchente daquele ano, que destruiu casas e vitimou várias pessoas.
Mas, apesar desse barulho todo, o Itajahyense conseguiu marcar seu jogo de estreia para o inicio do ano seguinte. Em 14 de janeiro de 1912, começava oficialmente o futebol na cidade de Itajaí.
Como naqueles tempos não havia adversário na cidade, a saída foi marcar um jogo entre os próprios membros do Itajahyense, fato que se repetiu oito vezes ao longo da década. os jogadores foram divididos entre time azul e time branco e iniciam a partida ao som da banda local Lyra de Prata.
Mesmo sendo um esporte desconhecido da maioria, a torcida compareceu em grande número. Apesar de toda a empolgação da estreia, a partida teve somente dois gols: um para cada lado, um em cada tempo. Como o jogo terminou empatado, os times decidiram marcar um mjogo de revanche: Azul 1 x 0 Branco.
E assim continuava a vida do Itajahyense. A escassez de gols dos primeiros jogos talvez fosse reflexo das dificuldades que o time enfrentava. As dificuldades financeiras fizeram até o capitão Osvaldo Ramos trocar Itajaí por Florianópolis, deixando em Itajaí não somente seus comandados, mas também uma dívida na tipografia do jornal O Pharol, no que o mesmo disparou: "cada um para o que nasce" (6/9/1912)
Problemas á parte, o que não faltava para o time do Itajahyense era criatividade. Já que não havia muitos recursos disponíveis, a solução era realizar eventos para arrecadar fundos. O primeiro deles foi um piquenique na cidade vizinha Gaspar, marcado para o dia 18 de novembro de 1912. Claro que somente a elite estava convidada, o que fazia com que esse evento se tornasse exclusivo.
Mas apesar dessa exclusividade toda, as famílias deveriam levar ao asseio seu próprio farnel (uma espécie de marmita quente). Sem farnel, não embarcava. A viagem transcorreu tranquilamente no vapor Blumenau.
Começou às quatro horas da manhã e só terminou à noite. O passeio incu[ida uma ida à igreja de Gaspar e bailes no convés do valor, animados pela banda Independente.
Mas, nem tudo era festa. No dia 11 de dezembro de 1912, um incidente nu jogo-treino contra o time do Gymnasio Catarinense de Florianópolis foi notícia;. O time do Itajahyense estava acostumado a treinar às terças, quintas e sábados á tarde e a jogar nos domingos pela manhã.
Mas, em virtude de um amistoso contra o time do Anita de Florianópolis, os treinos tornara,-se diários. Naquela quarta-feira, jovem Conrado Miranda sofreu uma fratura na perna direita, um pouco acima do tornozelo. O acidente paralisou o treinamento e ainda cancelou o amistoso com o time da Capital.
Misteriosamente, após esse acidente, o futebol saiu de cena na cidade. Nada se noticiou entre o final de 1912 e agosto de 1912 sobre esse esporte nos jornais locais O Pharol, Novidades e Gazeta de Itajahy.
Texto original pode ser acessado no blog Tati Girardi.